Vive-se um momento marcado pela criação instatânea e
o culto de celebridades cuja legião de fãs cresce velozmente, e cuja
contribuição para o conhecimento e para a educação é nula. Também é
questionável a sua contribuição para outras condições sociais, culturais,
humanas e relacionais importantes, se acaso se questionar a que servem,
efetivamente, e o que ajudam a construir.
Ao mesmo tempo, se convive com a incipiente e desinteressada
discussão em torno de novos processos de civilização e de convívio, a propósito
da desintegração das relações sociais e o medo da aproximação com os outros
humanos, essa fobia resultante da escalada da violência. A propósito disso, imagina-se
o mundo do espetáculo da mídia e do consumo, uma mescla de venda de produtos –
muitos dos quais com qualidade e utilidade duvidosas -, de violência e de enredos
diversos marcados por personagens mesquinhos, intermediados por músicas que
beiram a ridicularização dos grandes poetas, músicos, compositores e
intérpretes.
É a máxima do lema livre expressão de pensamento e
de criação, que cresce sem estribeiras,
em desvario, colapso e culto ao nada, construída no esteio da criação e
imposição de uma identidade geracional infoguiada e hipertrofiada.
No meio dessa tela também se especula acerca do
fracasso da educação e do papel da escola. Muitos apontam-na como responsável
por essa crise, crendo caber à escola esse papel – macro instituição resolutiva
dos problemas sociais e outras mazelas com as quais se convive - e que não lhe
cabe. Vivem os professores de ter de aguentar uma série de críticas e de dificuldades,
desde as condições de trabalho e salário até a depreciação e desqualificação de
seu ofício.
São muitos aqueles que pensam em abandoná-lo e
aqueles que não desejam exercê-lo, por diversas razões. Ser professor não faz
parte do ideário de boa parte dos jovens que ingressam na faculdade, pois não
veem nesse exercício – árduo - possibilidade de construção de uma carreira que
resultem em benefícios e realizaçao compatíveis com as exigências que requer.
Nesse cenário de tantos problemas e inquietações,
alegra saber da notícia do reconhecimento do trabalho de um inesquecível educador
brasileiro, que buscou pensar e fazer educação de um outro jeito, numa época em
que se buscava modificar os rumos do Brasil, pela política engajada e pela
educação libertadora, cujo nome é Paulo Freire.
Homem referência para educação mundial, Paulo Freire
construiu uma história heróica e enfrentou muitos obstáculos. Superou
pensamentos e posturas retrógadas, historicamente manipulados por diversos
setores alimentados pelas benesses do governo e a serviço de um estado com pouca
capacidade e pouco interesse de transformar a educação.
Reconhecimento
em forma de Lei
Anos se passaram, e com muita alegria recebemos o
anúncio da lei que declara Paulo Freire patrono da educação brasileira. O Título conferido em Projeto de Lei foi publicado
no Diário Oficial da União no dia 16 de abril de 2012. Esse projeto foi
aprovado no início de março pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do
Senado, em decisão terminativa, por unanimidade.
Paulo
Reglus Neves Freire (1921-1997) foi educador e filósofo. Considerado um dos
principais pensadores da história da pedagogia mundial, influenciou o movimento
chamado pedagogia crítica. Sua prática didática fundamentava-se na crença de
que o estudante assimilaria o objeto de análise fazendo ele próprio o caminho,
e não seguindo um já previamente construído.
Freire
ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard,
Cambridge e Oxford. Foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu
diversos países, sempre levando seu modelo de alfabetização, antes de retornar
ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia. As informações são da
Agência Brasil.