domingo, 20 de maio de 2012
Acúmulo
O
acúmulo de coisas desagrega a condição de escolher o que é necessário à vida e
obstrui a capacidade de autogestão e de autogoverno, que repele o significado
do existir mediante o que se é, a propósito das pessoas transformadas em mercadoria
e a mercadoria transformada no mito em si.
Previdente
Diz-se
do previdente que nem mesmo o maior infortúnio o surpreenderá. Não que arrogue
jamais ser por ele atingido, mas por saber da sua existência e que em algum
momento chegará, pois faz parte da existência. Dele ninguém escapa, nem mesmo
os arrogantes e aqueles que se acham autossuficientes, a propósito da morte, a
maior expressão da inevitabilidade do fim.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Ponto de Vista - Acerca do homem e das formigas
Pisa o homem nas formigas, tão logo as vê, ou
lança sobre elas uma porção de inseticida para aniquilá-las, pois acredita serem
elas uma ameaça potencial. Mas não apenas por isso. Também pensa o homem que é
superior a elas, pois vê nas formigas seres desprezíveis e desnecessários, sem
inteligência e, por decorrência dessa percepção, inferiores.
Engano seu, pois não são! As formigas vivem em
um sistema social bastante organizado, complexo e bem mais harmônico se
comparado ao nosso, quando se imagina o que produziram homem e formigas ao longo
de suas histórias, como se comportam, pensam, agem e se relacionam entre si e
com os demais.
Ao contrário do que o homem imagina, as formigas têm linguagem, vida e história mais longas que a nossa e mais antigas, e uma consciência além da nossa: cósmica/universal, pois não vivem da degradação, invasão, dilapidação e sucateamento planetário. Sabem viver e conviver, chegaram aqui antes de nós, são nossas ancestrais, sabem de nós, o que fazemos e como pensamos, além de ver em nós sua maior ameaça.
National Geographic |
Ao contrário do que o homem imagina, as formigas têm linguagem, vida e história mais longas que a nossa e mais antigas, e uma consciência além da nossa: cósmica/universal, pois não vivem da degradação, invasão, dilapidação e sucateamento planetário. Sabem viver e conviver, chegaram aqui antes de nós, são nossas ancestrais, sabem de nós, o que fazemos e como pensamos, além de ver em nós sua maior ameaça.
As formigam trabalham incessantemente, em um
eterno vai-e-vem, sobrevivendo dos restos que ninguém quer. Sabem coletar seu
alimento, armazená-lo, decompô-lo e dele se nutrir, na proporção correta e
dentro das suas necessidades e condições do meio em que vivem.
Sabem reutilizar, reclicar e reduzir. Levam sobre si toneladas de peso, quando se imagina ser tão minúsculo carregando cargas que matariam um humano, se mantidas as devidas proporções entre um e outro. Organizam-se em torno de uma liderança e vivem em comunidades que fazem longas viagens para se manterem vivas, ativas, vigilantes e cooperativas, em prol do grupo, pois sabem que é impossível viver sozinhas.
Seu lar é um exemplo de arquitetura e engenharia, e integrado à natureza; não poluem nem exaurem as fontes de existência. Dão exemplo de pacificidade, de sustentabilidade e convivência com o meu ambiente. Não matam como os humanos, não roubam, não desejam lucro pelo que fazem, coletam ou armazenam. Também não exploram, nem expropriam. Não aniquilam por desejo vil ou violento, não corrompem, não poluem, não produzem guerras, não exterminam civilizações, nem espalham o ódio; nem o terror, nem se amparam na lei ou na diplomacia para produzirem iniquidade e violência.
Sabem reutilizar, reclicar e reduzir. Levam sobre si toneladas de peso, quando se imagina ser tão minúsculo carregando cargas que matariam um humano, se mantidas as devidas proporções entre um e outro. Organizam-se em torno de uma liderança e vivem em comunidades que fazem longas viagens para se manterem vivas, ativas, vigilantes e cooperativas, em prol do grupo, pois sabem que é impossível viver sozinhas.
Seu lar é um exemplo de arquitetura e engenharia, e integrado à natureza; não poluem nem exaurem as fontes de existência. Dão exemplo de pacificidade, de sustentabilidade e convivência com o meu ambiente. Não matam como os humanos, não roubam, não desejam lucro pelo que fazem, coletam ou armazenam. Também não exploram, nem expropriam. Não aniquilam por desejo vil ou violento, não corrompem, não poluem, não produzem guerras, não exterminam civilizações, nem espalham o ódio; nem o terror, nem se amparam na lei ou na diplomacia para produzirem iniquidade e violência.
Não constroem armas nucleares, não
exterminam com tóxicos, não matam crianças, mulheres ou velhos, nem baleias ou
golfinhos, elefantes ou tigres. Não disparam tiros, não matam ou atropelam no
trânsito. Também não deixam morrer nos hospitais, nem nas ruas ou sob o frio.
Não produzem lixões, nem prostíbulos, nem penitenciárias, nem misérias, nem
política, nem a miséria da política.
Não se tem registro de um único furto que tenham cometido, de um único assassinato, ou de qualquer formiga envolvida em corrupção, propina, tráfico de drogas e de pessoas, formação de quadrilha ou enriquecimento ilícito. Não há notícia de que desviaram verbas da saúde, da educação, da merenda escolar, nem tampouco de doações a vítimas de catástrofes ou a populações miseráveis.
Que eu saiba, nunca puderam dizer isso que agora digo. Mas creio que se pudessem falar, teriam nesse texto apenas um breve começo de tudo que teriam a nos dizer.
Não se tem registro de um único furto que tenham cometido, de um único assassinato, ou de qualquer formiga envolvida em corrupção, propina, tráfico de drogas e de pessoas, formação de quadrilha ou enriquecimento ilícito. Não há notícia de que desviaram verbas da saúde, da educação, da merenda escolar, nem tampouco de doações a vítimas de catástrofes ou a populações miseráveis.
Que eu saiba, nunca puderam dizer isso que agora digo. Mas creio que se pudessem falar, teriam nesse texto apenas um breve começo de tudo que teriam a nos dizer.
Afinal, quem deve aprender com quem?
Lembranças
Lembra-se o poeta do perfil do corpo, das linhas do
rosto e do brilho do riso dela, que carrega consigo pelos rios e mares, em
todos os lugares onde o acompanhe a saudade.
Eis que viaja em barcos por dias, rompe manhãs
frias e oceanos gelados, conduz de seu leme imagens e fotos, cartas e
fichários, nas idas e vindas, portos de saudades...
Ponto de vista - Freire, Patrono da Educação
Vive-se um momento marcado pela criação instatânea e
o culto de celebridades cuja legião de fãs cresce velozmente, e cuja
contribuição para o conhecimento e para a educação é nula. Também é
questionável a sua contribuição para outras condições sociais, culturais,
humanas e relacionais importantes, se acaso se questionar a que servem,
efetivamente, e o que ajudam a construir.
Ao mesmo tempo, se convive com a incipiente e desinteressada
discussão em torno de novos processos de civilização e de convívio, a propósito
da desintegração das relações sociais e o medo da aproximação com os outros
humanos, essa fobia resultante da escalada da violência. A propósito disso, imagina-se
o mundo do espetáculo da mídia e do consumo, uma mescla de venda de produtos –
muitos dos quais com qualidade e utilidade duvidosas -, de violência e de enredos
diversos marcados por personagens mesquinhos, intermediados por músicas que
beiram a ridicularização dos grandes poetas, músicos, compositores e
intérpretes.
É a máxima do lema livre expressão de pensamento e
de criação, que cresce sem estribeiras,
em desvario, colapso e culto ao nada, construída no esteio da criação e
imposição de uma identidade geracional infoguiada e hipertrofiada.
No meio dessa tela também se especula acerca do
fracasso da educação e do papel da escola. Muitos apontam-na como responsável
por essa crise, crendo caber à escola esse papel – macro instituição resolutiva
dos problemas sociais e outras mazelas com as quais se convive - e que não lhe
cabe. Vivem os professores de ter de aguentar uma série de críticas e de dificuldades,
desde as condições de trabalho e salário até a depreciação e desqualificação de
seu ofício.
São muitos aqueles que pensam em abandoná-lo e
aqueles que não desejam exercê-lo, por diversas razões. Ser professor não faz
parte do ideário de boa parte dos jovens que ingressam na faculdade, pois não
veem nesse exercício – árduo - possibilidade de construção de uma carreira que
resultem em benefícios e realizaçao compatíveis com as exigências que requer.
Nesse cenário de tantos problemas e inquietações,
alegra saber da notícia do reconhecimento do trabalho de um inesquecível educador
brasileiro, que buscou pensar e fazer educação de um outro jeito, numa época em
que se buscava modificar os rumos do Brasil, pela política engajada e pela
educação libertadora, cujo nome é Paulo Freire.
Homem referência para educação mundial, Paulo Freire
construiu uma história heróica e enfrentou muitos obstáculos. Superou
pensamentos e posturas retrógadas, historicamente manipulados por diversos
setores alimentados pelas benesses do governo e a serviço de um estado com pouca
capacidade e pouco interesse de transformar a educação.
Reconhecimento
em forma de Lei
Anos se passaram, e com muita alegria recebemos o
anúncio da lei que declara Paulo Freire patrono da educação brasileira. O Título conferido em Projeto de Lei foi publicado
no Diário Oficial da União no dia 16 de abril de 2012. Esse projeto foi
aprovado no início de março pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do
Senado, em decisão terminativa, por unanimidade.
Paulo
Reglus Neves Freire (1921-1997) foi educador e filósofo. Considerado um dos
principais pensadores da história da pedagogia mundial, influenciou o movimento
chamado pedagogia crítica. Sua prática didática fundamentava-se na crença de
que o estudante assimilaria o objeto de análise fazendo ele próprio o caminho,
e não seguindo um já previamente construído.
Freire
ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard,
Cambridge e Oxford. Foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu
diversos países, sempre levando seu modelo de alfabetização, antes de retornar
ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia. As informações são da
Agência Brasil.
domingo, 13 de maio de 2012
A Lourdes, amada mãe
Amo-te, por
tudo, e não somente por ser hoje o teu dia. Amo-te por ser criança, por ser teu
filho, por ser homem, pelo nome que me deste, e por teres honrado a minha vida
com teu cuidado e devoção; por não teres desistido de mim, apesar das
dificuldades e dos dissabores de tua jornada, que não foram poucos, amada mãe.
Admiro-te pela força e bravura com que me ensinaste acerca da vida; por tua energia e teu acatamento diante das desconcertantes ordens da existência, por tua resignação e lucidez, por tua contagiante alegria e teu eterno festejo com a vida, e por nunca desistir, de viver, de ser feliz e de fazer felicidades, amada mãe.
Saibas que muitos se lembram de ti, e que são muitas as vozes que te homenageiam e te mencionam como exemplo de pessoa, de esposa e de mãe - zelosa e lutadora. Até mesmo aqueles que nunca te viram te conhecem, sabem de ti e te anunciam. Aqueles que conheci ainda ontem sonham conhecer-te e ouvir-te, para aprender contigo sobre o dom da vida e da doação ao outro, que só mulheres com tú sabem cultivar e ensinar, amada mãe.
Saibas também, que és a guerreira das minhas histórias e vencedora de todas as batalhas, em todos os lugares, inclusive nos mais longíquos e inacessíveis, contra os melhores cavaleiros, exércitos e guerreiros, que sempre se renderam à tua força e ao teu franzino/forte corpo. Soubeste manter viva a sobriedade diante de todas as dificuldades e intempéries guiando a todos como a maestrina da melhor orquestra. A riqueza de tua vida foi a produção do afeto e do cuidado, tudo aquilo que os cavaleiros, os guerreiros e os exércitos necessitam para serem homens e humanos, pais e filhos, serem gente, amada mãe.
Sou teu fã, teu seguidor, teu guerreiro, empunho a tua espada - de paz - e sou teu aliado e, como se não bastasse, sou filho teu e admirador de tua saga, para a sorte minha. Meu amor e meu coração são teus, e tudo de bom que tiver em mim, é obra tua. Sou teu herdeiro, embora não saiba se à altura de tua bondade, que em poucas pessoas vi, amada mãe.
Nascido da graça divina e bendito fui, por nascer filho teu, do teu nobre ventre, de tua benevolência e de teu desejo de ter-me, como sempre me disseste, amada criatura, ser iniguilável, ser da esperança e de luz, imagem da paz, amada mãe.
Amo-te por tudo, ainda mais por teres me amado, como ninguém, pois és Maria, de Lourdes. Capacidade de perdão igual a tua desconheço, assim como teu apreço pelo bem e tua crença em Deus. És por isso, meu leme, minha bússola, minha foz, rios e cascatas, de amor. Imagino-te ao meu lado, todos os dias e noites, e vivo de saudades tuas, e contente de saber-me filho teu, criatura nobre que foste neste universo de caos, amada mãe.
Lembro-me de
tuas empreitadas e tuas soluções - as mais inusitadas - para resolver problemas
de nossa vida, da falta de dinheiro à de comida. Apesar dos conflitos, das
desiluções, das frustações e de muitos suplícios que viveste na vida,
soubeste, como ninguém, dar colo e amor, afeto e calor, amadam mãe.
Fiz-me homem, porque assim me ensinaste, mostrando-me o caminho, esclarecendo-me acerca do bem e do mal. Amo-te por teres me amado, me desejado, me querido, me esperado, me cuidado, me lavado e me deixado dormir em teu colo, mesmo quando isso significava tua noite sem dormir. Perfumaste meu corpo e alinhaste meus cabelos, costuraste minhas vestes e me deste o teu seio e todo o teu abraço, meu acalento foi teu braço, sempre que dele precisei. Com todo o zelo e devotado amor sempre estiveste comigo, mesmo quando não podias, amada mãe.
Amo-te pois,
pelo que és. Mesmo que tenhas partido, ainda estás ao meu lado. Sei que lanças
sobre mim o cobertor e que me beijas todas as noites e me abençoas (Deus te
abençoe, meu filho!). Ainda mais me aqueces em noites de frio, quando me
ofereces chá (de alho e limão, para a tosse).
Felizes são aqueles que hoje te têm como amiga, filha, tia, prima e sobrinha, em outra dimensão. Bem sei que o céu não foi o mesmo depois de tua chegada. Tem lá festa todos os dias, e és a dancarina que põe todos em folia. Até as noites ficaram mais longas, pois todos querem prosar contigo, ouvir tuas histórias, rir com teu riso, contentar-se com teu contentamento, festejar com o festejo teu, e ser felizes com a tua felicidade. Desejam eles ser moços com a tua mocidade e aprender a serem bons, com a tua bondade, amada mãe.
Amo-te, pois
assim és. Nada é mais importante que esta certeza, querida mãe, meu ser amado,
meu ser de luz.
Mas, bem me diga, como está a festa aí no céu, neste dia de domingo, em que é dia das mães?
Admiro-te pela força e bravura com que me ensinaste acerca da vida; por tua energia e teu acatamento diante das desconcertantes ordens da existência, por tua resignação e lucidez, por tua contagiante alegria e teu eterno festejo com a vida, e por nunca desistir, de viver, de ser feliz e de fazer felicidades, amada mãe.
Saibas que muitos se lembram de ti, e que são muitas as vozes que te homenageiam e te mencionam como exemplo de pessoa, de esposa e de mãe - zelosa e lutadora. Até mesmo aqueles que nunca te viram te conhecem, sabem de ti e te anunciam. Aqueles que conheci ainda ontem sonham conhecer-te e ouvir-te, para aprender contigo sobre o dom da vida e da doação ao outro, que só mulheres com tú sabem cultivar e ensinar, amada mãe.
Saibas também, que és a guerreira das minhas histórias e vencedora de todas as batalhas, em todos os lugares, inclusive nos mais longíquos e inacessíveis, contra os melhores cavaleiros, exércitos e guerreiros, que sempre se renderam à tua força e ao teu franzino/forte corpo. Soubeste manter viva a sobriedade diante de todas as dificuldades e intempéries guiando a todos como a maestrina da melhor orquestra. A riqueza de tua vida foi a produção do afeto e do cuidado, tudo aquilo que os cavaleiros, os guerreiros e os exércitos necessitam para serem homens e humanos, pais e filhos, serem gente, amada mãe.
Sou teu fã, teu seguidor, teu guerreiro, empunho a tua espada - de paz - e sou teu aliado e, como se não bastasse, sou filho teu e admirador de tua saga, para a sorte minha. Meu amor e meu coração são teus, e tudo de bom que tiver em mim, é obra tua. Sou teu herdeiro, embora não saiba se à altura de tua bondade, que em poucas pessoas vi, amada mãe.
Nascido da graça divina e bendito fui, por nascer filho teu, do teu nobre ventre, de tua benevolência e de teu desejo de ter-me, como sempre me disseste, amada criatura, ser iniguilável, ser da esperança e de luz, imagem da paz, amada mãe.
Amo-te por tudo, ainda mais por teres me amado, como ninguém, pois és Maria, de Lourdes. Capacidade de perdão igual a tua desconheço, assim como teu apreço pelo bem e tua crença em Deus. És por isso, meu leme, minha bússola, minha foz, rios e cascatas, de amor. Imagino-te ao meu lado, todos os dias e noites, e vivo de saudades tuas, e contente de saber-me filho teu, criatura nobre que foste neste universo de caos, amada mãe.
Fiz-me homem, porque assim me ensinaste, mostrando-me o caminho, esclarecendo-me acerca do bem e do mal. Amo-te por teres me amado, me desejado, me querido, me esperado, me cuidado, me lavado e me deixado dormir em teu colo, mesmo quando isso significava tua noite sem dormir. Perfumaste meu corpo e alinhaste meus cabelos, costuraste minhas vestes e me deste o teu seio e todo o teu abraço, meu acalento foi teu braço, sempre que dele precisei. Com todo o zelo e devotado amor sempre estiveste comigo, mesmo quando não podias, amada mãe.
Felizes são aqueles que hoje te têm como amiga, filha, tia, prima e sobrinha, em outra dimensão. Bem sei que o céu não foi o mesmo depois de tua chegada. Tem lá festa todos os dias, e és a dancarina que põe todos em folia. Até as noites ficaram mais longas, pois todos querem prosar contigo, ouvir tuas histórias, rir com teu riso, contentar-se com teu contentamento, festejar com o festejo teu, e ser felizes com a tua felicidade. Desejam eles ser moços com a tua mocidade e aprender a serem bons, com a tua bondade, amada mãe.
Mas, bem me diga, como está a festa aí no céu, neste dia de domingo, em que é dia das mães?
sábado, 12 de maio de 2012
Poeta
Nasce a
noite após o sol e a calmaria. Findo é o dia e o ar noturno informa o frio
vindo do norte, rompendo montanhas a léguas de distâncias, a quilomêtros de um
porto onde aportam e zarpam navios, navegados em ondas do atlântico, onde o
vento sopra a brisa, e à deriva vivem poesias.
Folhas
lançadas ao mar são desafiadas a tornarem histórias a suas próprias linhas, e à
espera um poeta, que aguarda do tinteiro companhia ao itinerário de suas
fantasias e seus enredos, de seus medos e seus amores. Vivo de medo, de ficar
só, corre para a enseada na manhã de domingo onde se confundem sal e suor, leme
e bússola. Ver que a noite já é dia e revive a amada, que acreditara ter
perdido, mas que encontrada fora no mundo de sua poesia que o mantera vivo, a
despeito da ferrugem dos navios e da vida dos marujos do outro lado do cais,
onde vidas se cruzam e se desfazem, a despeito das vontades dos poetas de viver
mil vidas.
...Vida
de poeta, mares de todos os portos, encontros com a poesia, essa amada de mil
cantos, de mil contos.
Incerteza
Não há dúvidas das incertezas do amanhã, tampouco das certezas
do hoje e de que resultamos de um ontem também incerto, até bem pouco tempo.
Porventura nascessemos com a certeza, perderia a vida seu
propósito, pois já não haveria nada mais a ser feito. É que motivado para
responder às perguntas e às suas inquietações - que não cessam - busca o homem
ajustar-se ao mundo onde vive e que transforma, para também dar a si e as
coisas linguagem e sentido, fazê-las brotar como produto seu, mesmo sabendo que
são elas anterior a ele e que o ultrapassam.
Estão elas condicionadas como
elementos de intelecção e manuseio humanos [talvez], mas, com certeza, nunca
como sua posse definitiva, pois a vida é provisória e tudo que vige se estatui
do universo e não da nossa vã pretensão, filha inclinada ao erro e à
interdição, como é todo o desejo e toda a conjectura, pois não dependem, tão
somente, da vontade humana.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Abrigo
Desconsolado
e triste sucumbe o andarilho em sua via seu rumo, em sua vida sem prumo, em seu
calabouço de desilusão. São assim também os perdidos e aqueles que buscam
abrigo, uma nova chance, uma nova casa, uma nova porta, de preferência aberta,
para que ele entre, antes de sua queda e de seu precípicio. São filhos do
holocausto e de melancolia, que, na agonia das escolhas desviantes, imploram
por socorro e alguém que os ame.
Ainda ontem
Ainda ontem um menino, pensava
sobre a essência da vida e sobre a generosidade da existência. Pensava acerca
da concepção e do porvir, aquele futuro que nos aguarda. Passaram-se os anos,
foram muitas as minhas trajetórias e minhas andanças, saudades e lembranças. Ao
longo dos anos detive-me na vida como parceira e nas inquietudes como esteio
para as minhas reflexões, gérmen para a criação, motivo para produzir o que é
bom, o que é cor e luz, e repelir à ameaça da condição de solidão daqueles
viventes às margens da vida.
Regar
Não há fruto sem rega, sem
solo; filho sem colo, sem parturição. Também não brotam eles sem a espera,
mesmo depois da vinga do broto. Carecem de tempo, de um jardineiro e de desejo
para serem fruto e filho.
Dedicatória
A Joselito Filho, que estar por vir
Todos te aguardam e te declamam amor, tamanho é o desejo de te terem como filho, como irmão, como amigo, como primo, como sobrinho, como neto, como abrigo, fortaleza que és, ainda tão minúsculo grão, filho nosso.
És também esperança, és também
redenção, pois provas a possibilidade de concretude dos sonhos, mesmo os mais
difíceis e improváveis, pois vingas como melhor broto, semente da perdurança, máxima da parturição e expressão da bondade divina.
És tutela de Deus, és ainda fonte seminal de
esperança, és aguardado, como um anjo, como menestrel, tão grande é nossa
esperança no anúncio das boas novas que trazes contigo. Esperamos que venhas com um largo riso, para transmitir felicidade, porta-voz da inocência, filho da candura, criatura amada, nascituro esperado, como anuncia um tio teu, que te deseja, para te por no colo e te fazer mimo, tanto quanto eu e a tua mãe.
Dedicatória
A Joselito
filho, que estar por vir
Comemora, a tua mãe, cada vez que te sente em
rebuliço no ventre que te aqueçe e te nutre, sabendo que pulsas de vida no
corpo dela. Eis que ela te acaricia, sentindo-te vivaz, cheio de energia e de
vida. Sonha ela ver teu rosto, acalentar teu choro, aprazerar-se com teu riso,
e rir com tuas peraltices, imaginado-te lindo, e um ser da paz.
Vibramos com a tua espera, ficando na
prontidão, planejando a estação onde desembarcarás, o vagão e a poltrona onde
te abrigaremos, a festa que faremos com tua chegada e os milhões de convivas
que adentrarão teu palácio e teus jardins, e teu salão de guloseimas, para se
lambuzarem no mel e chocolate de tua festança, no encanto de teu contentamento.
Esperam por ti andaluzes, princípes e princesas, teus tios e
avós, toda a tua vizinhança, inclusive a do atlântico sul e aquela da montanha
ao norte, onde te espera uma fada, muita magia, gente encantada, desejosa de
tua presença. Ansiosos esperam vê-lo na tua boaventurança, em cada passo, em
cada abraço, em cada gesto, em cada grito, já que tú brotas para dar vida,
romper tristezas, gerar sorriso.
Impermanência
Se não se acredita que a
juventude passa (é impermanente) e não há desejo de se tornar ou se ver velho,
cria-se um auto-suplício que impede de se vê o passar do tempo como linha da
vida, que demarca, indubitavelmente, nosso corpo e acende as nossas rugas, as
mechas dos nossos cabelos e as inibições de nossos movimentos.
É que não há mágica que pare o
tempo ou o ciclo da vida, que se alimentam do porvir. Desatinados que são,
impele-nos a seguir em frente, para indicar que é preciso mudar para se
acomodar à história que cada um escreverá em cada nome, cada família, cada
foto, cada registro e documento, cada livro, cada memória, cada frase, cada
romance. É que a história nunca está finda.
Carece ela de um novo caderno
e de um novo escritor, novo poeta, novo cantor, nova magia, a cada dia, para
tornar a vida um conto, que se refaz sempre que se nasce, que se envelhece…
quando alguém morre… […] Começa tudo outra vez. São também assim as folhas, que
nascem, secam e caem para que outras possam brotar, fortalecendo e renovando a
árvore, que deve frutificar para alimentar tantas vidas, assim como o renovar
das roseiras quando é primavera, ciclo da vida como o outono, que não faz
rosas, mas produz vida.
.A propósito, os tolos
Tolos aqueles que acreditam na
benfeitoria dos atos injustos e violentos, e apostam na inconsequência do corte
de seu machado e no plantio de sua péssima semente, que a nada frutifica, muito
menos germina.
Desses homens vingam galhos
secos, tórrida é sua terra e nula a sua história, porque vivem sós e sem
tributos.Tolos ainda aqueles que só creem no hoje, sabendo-se sobreviventes
desde o ontem e navegantes inevitáveis do amanhã, que sempre chega, com o sol.
.
A que serve a maldade
Não há
descrença que vença a esperança, nem mal maior que a tolice dos ignorantes, que
a tudo apontam como verdade em sua suposta razão, tampouco desilusão maior que
a desesperança, que sucumbe a fé dos que acreditam na paz e na virtude dos
justos.
Há de se
pensar na necessidade de resistir a toda a perseguição e infortúnio, toda
atitude malévola e toda usurpação, pois não deve o homem se render à ilusão das
fantasias - que são temporárias - nem as certezas das maldades, que produzem aniquilição.
.
Jardineiro
Pacientemente o jardineiro cultiva seu jardim,
sabedor que é do magistral triunfo de sua empreitada. Em outro lugar há um
homem que deseja água e sombra, mas como encontrará ele o que deseja se não
plantou uma árvore, nem preservou o rio?
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