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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Ponto de vista - Freire, Patrono da Educação


Vive-se um momento marcado pela criação instatânea e o culto de celebridades cuja legião de fãs cresce velozmente, e cuja contribuição para o conhecimento e para a educação é nula. Também é questionável a sua contribuição para outras condições sociais, culturais, humanas e relacionais importantes, se acaso se questionar a que servem, efetivamente, e o que ajudam a construir.

Ao mesmo tempo, se convive com a incipiente e desinteressada discussão em torno de novos processos de civilização e de convívio, a propósito da desintegração das relações sociais e o medo da aproximação com os outros humanos, essa fobia resultante da escalada da violência. A propósito disso, imagina-se o mundo do espetáculo da mídia e do consumo, uma mescla de venda de produtos – muitos dos quais com qualidade e utilidade duvidosas -, de violência e de enredos diversos marcados por personagens mesquinhos, intermediados por músicas que beiram a ridicularização dos grandes poetas, músicos, compositores e intérpretes.

É a máxima do lema livre expressão de pensamento e de criação, que cresce sem estribeiras, em desvario, colapso e culto ao nada, construída no esteio da criação e imposição de uma identidade geracional infoguiada e hipertrofiada.

No meio dessa tela também se especula acerca do fracasso da educação e do papel da escola. Muitos apontam-na como responsável por essa crise, crendo caber à escola esse papel – macro instituição resolutiva dos problemas sociais e outras mazelas com as quais se convive - e que não lhe cabe. Vivem os professores de ter de aguentar uma série de críticas e de dificuldades, desde as condições de trabalho e salário até a depreciação e desqualificação de seu ofício.

São muitos aqueles que pensam em abandoná-lo e aqueles que não desejam exercê-lo, por diversas razões. Ser professor não faz parte do ideário de boa parte dos jovens que ingressam na faculdade, pois não veem nesse exercício – árduo - possibilidade de construção de uma carreira que resultem em benefícios e realizaçao compatíveis com as exigências que requer.

Nesse cenário de tantos problemas e inquietações, alegra saber da notícia do reconhecimento do trabalho de um inesquecível educador brasileiro, que buscou pensar e fazer educação de um outro jeito, numa época em que se buscava modificar os rumos do Brasil, pela política engajada e pela educação libertadora, cujo nome é Paulo Freire.

Homem referência para educação mundial, Paulo Freire construiu uma história heróica e enfrentou muitos obstáculos. Superou pensamentos e posturas retrógadas, historicamente manipulados por diversos setores alimentados pelas benesses do governo e a serviço de um estado com pouca capacidade e pouco interesse de transformar a educação.

Reconhecimento em forma de Lei

Anos se passaram, e com muita alegria recebemos o anúncio da lei que declara Paulo Freire patrono da educação brasileira. O Título conferido em Projeto de Lei foi publicado no Diário Oficial da União no dia 16 de abril de 2012. Esse projeto foi aprovado no início de março pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, em decisão terminativa, por unanimidade.

Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi educador e filósofo. Considerado um dos principais pensadores da história da pedagogia mundial, influenciou o movimento chamado pedagogia crítica. Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o estudante assimilaria o objeto de análise fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído.

Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu diversos países, sempre levando seu modelo de alfabetização, antes de retornar ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia. As informações são da Agência Brasil.


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