Se não se acredita que a
juventude passa (é impermanente) e não há desejo de se tornar ou se ver velho,
cria-se um auto-suplício que impede de se vê o passar do tempo como linha da
vida, que demarca, indubitavelmente, nosso corpo e acende as nossas rugas, as
mechas dos nossos cabelos e as inibições de nossos movimentos.
É que não há mágica que pare o
tempo ou o ciclo da vida, que se alimentam do porvir. Desatinados que são,
impele-nos a seguir em frente, para indicar que é preciso mudar para se
acomodar à história que cada um escreverá em cada nome, cada família, cada
foto, cada registro e documento, cada livro, cada memória, cada frase, cada
romance. É que a história nunca está finda.
Carece ela de um novo caderno
e de um novo escritor, novo poeta, novo cantor, nova magia, a cada dia, para
tornar a vida um conto, que se refaz sempre que se nasce, que se envelhece…
quando alguém morre… […] Começa tudo outra vez. São também assim as folhas, que
nascem, secam e caem para que outras possam brotar, fortalecendo e renovando a
árvore, que deve frutificar para alimentar tantas vidas, assim como o renovar
das roseiras quando é primavera, ciclo da vida como o outono, que não faz
rosas, mas produz vida.
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